A Universidade em Macau
M.Nascimento Ferreira Vice-Reitor da Universidade de Macau
Resumo
1. Os primórdios do ensino superior em Macau, já com características de ensino universitário, remontam ao final do século XVI (Dezembro de 1594), com a criação do Colégio da Madre de Deus. No século XVIII foi inaugurado o Colégio de S. José que desenvolveu este tipo de ensino até 1762, altura em que os membros da Com-panhia de Jesus foram expulsos.
O regresso dos Jesuítas em 1862 restabeleceu o ensino, que incluia a gramáti-ca, a aritmética, a retória, a teologia e outros conhecimentos.
Até finais do século XIX, outras congregações religiosas estabelecidas em Macau participaram também neste tipo de ensino.
2. Seguiu-se um período de decadência e abandono, que só foi ultrapassado a partir de 1975. O Governo de Macau, em 1980, criou a Universidade Internacional de Macau, de vida e expressão efémeras.
3. Em 1981, foi inaugurada a Universidade da Ásia Oriental, instituição pri-vada de inspiração anglo-saxónica, que contribuiu de modo decisivo para a im-plantação do ensino universitário em Macau, em moldes modernos.
4. Em 1988, o Governo de Macau adquiriu o "complexo universitário" insta-lado na Taipa, seguindo-se um per~iodo de transição que culminou com a criação da Universidade de Macau em Setembro de 1991 como instituição pública de ensi-no universitário. A sua remodelação processou-se de modo a poder responder às exigências da rápida expansão da economia do Território de Macau e da sua po-pulação, criando novos cursos de licenciatura e de ensino pós-graduado. Articu-lada funcionalmente com o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior, a Universida-de de Macau possui actualmente cinco Faculdades e o Instituto de Estudos Portu-gueses, onde são ministrados, no conjunto, vinte e cinco cursos de licenciatura e sete cursos de mestrado, estando tambem aprovados diversos ramos de acesso ao doutoramento. A Universidade de Macau é frequentada actualmente por cerca de 2.500 alunos, sendo o ratio docente/discente de 1/10.
5. Nos anos mais próximos, a Universidade de Macau está orientada para os seguintes objectivos fundamentais:
-- abertura a um tipo moderno de ensino nas ciências básicas, nas ciências aplicadas e nas diferentes tecnologias, pela coerência dos programas, tendo em vista a aquisição do espírito crítico pelos estudantes, a sua formação cultural e preparação profissional;
-- participação activa na política comunitária de investigação e desenvolvimento que permita dar uma resposta aos desafios que se colocam na sua área geográfica;
-- desenvolvimento de mecanismos de informação e permanente troca de idei-as entre todos os particpantes: docentes, estudantes e membros da sociedade.
Assim, a Universidade de Macau, virá a ocupar o lugar a que tem direito no panorama do ensino universitário dos nossos dias.
Ⅰ
1. Macau, como é bem sabido, tornou-se "o ponto avançado da irradiação missionária no Extremo-Oriente", no século XVI. Na segunda metade desse século, os missionários da Companhia de Jesus desenvolveram o ensino elementar em Ma-cau, frequentado por um número elevado de alunos. Três décadas após a fundação do primeiro estabelecimento de ensino, em 1594, "o Geral da Companhia em Roma, o P.e Cláudio Aquaviva, autorizava a criação de um verdadeiro colégio,já com nível universitário". E assim que Ávila de Azevedo descreve o início do ensino universi-tário em Macau, no "Colégio da Madre de Deus" -- que conferia graus académicos a eclesiásticos e a leigos e continha no seu programa de estudos um tal número de actividades lectivas que o transformaram no maior instituto católico do Extremo --Oriente. Este Colégio incorporava "dois seminários para seculares, uma Universi-dade dotada de Faculdades de Letras, Filosofia e Teologia, uma escola elementar e uma escola de Música e Artes Plásticas". É de referir que o Colégio dispunha de uma tipografia de caracteres móveis, a primeira que os jesuítas trouxeram para Macau e para o Japão (1588) e tinha instalada uma biblioteca com mais de 5.000 volumes (1).
O Seminário de S. José, inaugurado em 1728, e que tomou o nome de Nossa Senhora da Penha, com a sua igreja anexa construida em 1758, foi, até à expulsão dos jesuítas em 1762, mantido sob a sua direcção, tornando-se igualmente um foco de cultura portuguesa. A maior parte do seu professorado provinha da Província de Portugal da Companhia de Jesus (1,2).
O currículo incluia a gramática latina, a gramática portuguesa, a aritmética, a retórica, a teologia e outros conhecimentos.
Após a expulsão dos jesuítas o Seminário de S. José passou por períodos de prosperidade e de decadência, até meados do Século XIX. Por carta régia de 1800, e com a designação de Casa da Congregação da Missão, voltou a desempenhar um papel relevante na educação dos Macaenses.
Os Lazaristas, que eram então os responsáveis pelo ensino, foram persegui-dos por terem aderido ao movimento constitucional que eclodira em Portugal. O último lazarista, D. José Joaquim Pereira de Miranda, faleceu em 1856, tendo as-sim acabado este tipo de ensino em Macau. Em 1862, uma nova viragem ocorreu com o regresso dos jesuítas. O Seminário de S. José é reactivado e em 1864 já era frequentado por 216 alunos e em 1870 matricularam-se 377 (1).
Outras ordens religiosas marcaram a sua presença em Macau, no sector do ensino: Dominicanos, Agostinhos, Franciscanos... Do lado feminino teve relevân-cia o Mosteiro das Claristas, até ao século XIX. Depois da sua extinção foram as Claristas Portuguesas recolhidas no que veio a ser, mais tarde, o Colégio de Santa Rosa de Lima, ainda hoje existente.
Todos foram precursores do ensino em Macau, mas é de sublinhar que aos jesuí-tas, em particular, se deve a criação e a manutenção do ensino superior de nível univer-sitário em Macau, durante muitos anos. A primeira Universidade Ocidental do Extre-mo -- Oriente atravessou "momentos gloriosos" que não podem olvidar-se (3).
2. Alguns meses antes da revolução de 25 de Abril, ocorreu no espaço univer-sitário português um acontecimento que não tem sido devidamente analisado: o da criação das universidades novas de Lisboa, Aveiro, Minho e o Instituto Politécnico de Évora pelo Decreto-Lei 402/73 de 11 de Agosto.
No âmbito nacional, o referido Decreto-Lei tinha em vista, como consta do respectivo preâmbulo, "dotar de capacidade crítica e inovadora um número cada vez maior de cientistas, técnicos e administradores ... para um maior desenvolvi-mento da sociedade" (4).
Se faço aqui referência à criação das Universidades Novas, nos anos 70, por acção da política da educação então desenvolvida pelo Professor Veiga Simão, é porque um projecto de ensino superior, relacionado com Macau, se inspirou, pelo menos basicamente, naquele Decreto-Lei. Refiro-me ao projecto da "Universidade Internacional de Macau", para que foi nomeado, em 1979, como representante do Ministério da Educação e Investigação Científica, o Professor Almerindo Lessa que viria a ser o Reitor, sendo então Governador de Macau o Coronel Garcia Lean-dro e Ministro da Educação o Professor Valente de Oliveira.
Com o Decreto-Lei n.º11/80/M de 24 de Maio, o Governo de Macau constituiu a Universidade Internacional de Macau como pessoa colectiva de direito privado e utilidade pública. Tinha como objectivo fundamental "promover a investigação de-sinteressada e interdisciplinar nos vários ramos do saber, podendo também promo-ver actividades didácticas ou de aplicação das técnicas", bem como "organizar cur-sos pós-universitários, de reciclagem, de especialização, e para a terceira idade" (4).
3. Quando pensamos no que é hoje a Universidade de Macau, não podemos esquecer as fases por que passou a estrutura universitária criada no alto da Taipa, a partir de 1981, altura em que foi inaugurado o primeiro edifício da chamada Universidade da Ásia Oriental (U.A.O.), propriedade de uma empresa privada, a "Ricci Island West Ltd.", sediada em Hong Kong. O "complexo universitário" foi rapidamente construido, com uma arquitectura moderna, generosa, funcional, com edifícios para actividades académicas, apoio administrativo, biblioteca, um cen-tro cultural com um anfiteatro de setecentos lugares e um salão de exposições, e ainda as residências para professores e alunos.
A Universidade da Ásia Oriental era constituida, inicialmente, por uma fede-ração de cinco colégios, de tipo anglo-saxónico:
1. Pré-Universitário (Junior College)
2. Instituto Aberto (Open College)
3. Universitário
4. Politécnico
5. Instituto de Pós-Graduação (Graduate College).
Existiam ainda dois Centros de Investigação -- o Centro de Investigação Eco-nómica da China e o Instituto de Estudos de Macau. Esta estrutura académica funcionou assim até 1988, com cursos de bacharelato, fundamentalmente.
Ⅱ
Em 1988, o Governo de Macau adquiriu a Universidade da Ásia Oriental, que passou a ser administrada pela Fundação Macau.
"A partir daí, iniciou-se o levantamento das necessidades do Território;estudou-se a correspondente capacidade de resposta da Universidade;preparou-se a construção de novos edifícios, para viabilizar a criação de novos cursos e aumentar o número de estudantes de Macau; criaram-se, para estes, novos esquemas de apoio, visando facilitar o seu ingresso na Universidade; fizeram-se os preparativos necessários para o lançamento de novos cursos em áreas consideradas prioritárias; foi designada uma equipa reitoral, constituida por um Reitor, conhecedor profundo da Universidade, e por dois Vice-Reitores, distintos professores duma Universidade Portuguesa e duma Chinesa, ambos com largo e prestigiado "curriculum" académico. Mantendo as suas características de universidade internacional, aberta também a estudantes do exterior e com um corpo docente proveniente de vários países, a U.A.O. passou a preocupar-se, em primeiro lugar, com os interesses de Macau neste período crucial da sua vida" (5).
Vocacionada prioritariamente para corresponder a essa exigência fundamen-tal, colocada pela rápida expansão da economia do Território e da sua população, a Universidade procurou adaptar-se a essas modificações e procurou também afir-mar-se como uma instituição universitária internacional, ao serviço da vasta re-gião do sul da China, onde se insere. Foram então criadas as seguintes novas uni-dades académicas:
1. Faculdade de Ciências e Tecnologia, com a cooperação de Universidades Portuguesas e Chinesas;
2. Cursos em Chinês e Português, de Aministração Pública;
3. Curso de Direito;
4. Curso de Tradutores e Intérpretes, instalado com o apoio do Departamen-to de Estudos Portugueses da Universidade de Línguas Estrangeiras de Pequim;
5. Escola Superior de Educação, para preencher uma das áreas de formação de pessoal docente habilitado.
De acordo com esta nova dinâmica, além dos graus de bacharel, passaram também a ser atribuidos os graus de licenciatura e mestrado, bem como diplomas no termo da frequência de cursos de formação ou aperfeiçoamento técnico-profis-sional, no âmbito do ensino politécnico.
A partir de 1988, e até final do ano lectivo de 1991-1992, a Universidade da Ásia Oriental passou a ter as seguintes Faculdades, Escolas Superiores e Cursos:
1. Faculdade de Letras:
Cursos nas áreas de Estudos Portugueses, Estudos Ingleses e Estudos Chine-ses, havendo cadeiras de opção em Estudos Portugueses, Franceses e Japoneses.
2. Faculdades de Gestão de Empresas:
Cursos de Contabilidade, Finanças, Sistemas de Informação e Gestão,Marketing e Gestão de Recursos Humanos.
3. Faculdade de Ciências Sociais:
Cursos de Administração Pública, Economia e Ciências Políticas, Sociologia e Serviço Social.
4. Faculdade de Ciências e Tecnologia:
Cursos de Engenharia Civil, Engenharia Electrotécnica, Engenharia Informática e Engenharia Mecânica.
5. Escola Superior de Educação:
Constituindo uma das inovações mais significativas na reestruturação da Universidade, no sentido da sua inserção na dinâmica do desenvolvimento socioeconómico e cultural de Macau, a Escola Superior de Educação alargou pro-gressivamente o âmbito da sua acção à formação, aperfeiçoamento e reciclagem de docentes para os diversos graus de ensino do Territário.
Ministrou cursos de aperfeiçoamento e reciclagem para professores chineses dos ensinos pré-primário e primário e cursos de Educadores de Infância e de Pro-fessores Primários, com a duração de 3 anos, e outros, destinados à formação de professores para o ensino secundário.
6. Curso de Direito:
Vocacionado para dar resposta às carências de recursos humanos do Território nas áreas jurídicas.
7. Departamento de Estudos Portugueses:
No ano lectivo de 1990/91 tiveram início cursos de Licenciatura de Língua e Cultura Portuguesa com as variantes de Estudos Portugueses (Curso Geral), Ensi-no do Português como Língua Estrangeira e Ciências Documentais. O Departa-mento de Estudos Portugueses iniciou também um Mestrado em Estudos Luso-Asiáticos, nas variantes Literatura, Linguística e História.
8. Instituto Politécnico:
Oferecia cursos técnico-profissionais de Informática e de Gestão Hoteleira. No ano lectivo de 1990/91, entrou em funcionamento o Curso Superior de Turismo.
Em horário pós-laboral, o Instituto Politécnico proporcionou, ainda, forma-ção técnica-profissional em vários domínios, dirigida a estudantes-trabalhadores.
9. Cursos Pré-Universitários:
Curso intensivo de 1 ano, preparatório para a admissão ao ensino universitário, dirigido aos alunos que possuiam o 11.° ano de escolaridade ou formação equi-valente;
Curso de 2 anos que permitia a candidatura à inscrição no 2.° ano de cursos em Universidades da Austrália e dos Estados Unidos;
Curso de 2 anos, de preparação para a admissão às Universidades de Cambridge e Londres;
Cursos especiais de línguas, em regime intensivo.
10. Centro de Tradução e Interpretação:
Entrou em funcionamento com uma turma piloto do ano propedêutico que foi integrada no 1.º ano do curso de Tradutores e Intérpretes, com início no ano lectivo 1990/91.
11. Curso de Administração Pública:
Dirigido à formação de quadros superiores para a Administração Pública de Macau, com o apoio do Instituto Nacional de Administração (INA).
Ⅲ
1. Em 4 de Fevereiro de 1991 foi publicado o Decreto-Lei N.º 11/91/M que estabeleceu as normas de enquadramento geral da actividade das instituições de ensino superior em Macau, definindo os seus grandes objectivos. Este di-ploma, que se aplica às instituições públicas e privadas que tenham no seu âmbito actividades de ensino superior, define a sua natureza jurídica, autono-mia pedagógica e científica, os graus académicos, as qualificações para a docência, o acesso ao ensino superior, as condições de frequência, o financia-mento e a avaliação das instituições e o regime especial do ensino superior privado.
Na sequência da publicação desta "Lei de Bases do Ensino Superior" de Macau, foi criada a Universidade de Macau pelo Decreto-Lei N.° 50/91/M de 16 de Se-tembro, como instituição pública de ensino superior. (Foi também criado o Insti-tuto Politécnico de Macau pelo Decreto-Lei n.°49/91/M de 16 de Setembro, reti-rando da Universidade da Ásia Oriental os cursos pertencentes a esta categoria de ensino superior).
Logo depois, em Dezembro, foi criado o Gabinete de Apoio ao Ensino Supe-rior (Decreto-Lei N.° 158/GM/91, de 31 de Dezembro), com a natureza de equipa de projecto, cujas competências são as definidas pelos D.L.N.° 11/91/M de 4 de Fevereiro.
Em 1992 foi também criada a Universidade Aberta Internacional da Ásia (Macau) (Portaria n.°196/92/M, de 28 de Setembro), instituição privada de ensino a distância, que desde a sua criação oferece cursos nas línguas portuguesa, chine-sa e inglesa.
Criada a Universidade de Macau e estabelecidos os objectivos principais do ensino superior em Macau, foram discutidos e aprovados os Estatutos da Univer-sidade (Portaria N.° 25/92/M de 3 de Fevereiro). Neles estão consignados os prin-cípios, as finalidades e a natureza da Universidade de Macau, conferindo-lhe au-tonomia pedagógica, cientítica e disciplinar, tendo em vista desenvolver a sua ac-ção em conformidade com a política de educação, ciência e cultura definida para o Território de Macau.
Com a publicação de toda esta legislação indispensável para assegurar os ru-mos certos às instituições, novas perspectivas se abriram para o desenvolvimento da Universidade de Macau, que passou a estar dotada de órgãos de gestão próprios, sendo os mais importantes: o Conselho de Gestão, o Senado Universitário com duas Comissões Permanentes (Pedagógica e Científica) e o Conselho da Universidade.
Do mesmo modo, as "unidades académicas" (Faculdades, Escolas Superiores e Institutos) podem agora criar centros de estudo e de investigação, com autono-mia pedagógica e científica. Os respectivos Conselhos Científicos e Conselhos Pe-dagógicos passam a reger-se por regulamentos próprios, tendo em conta as res-pectivas competências.
O Chanceler da Universidade ? Sua Excelência o Governador de Macau, mas o Reitor ? quem preside aos diversos órgãos de gestão, sendo o responsável pela Universidade, no seu dia a dia.
No início do ano lectivo de 1992/3 a Universidade de Macau viu aprovadas as suas "unidades académicas" e os respectivos centros de estudo e investigação.
Actualmente, a Universidade de Macau, possui cinco Faculdades e um Insti-tuto:
Faculdade de Ciências e Tecnologia
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Faculdade de Gestão de Empresas
Faculdade de Ciências da Educação
Faculdade de Direito
Instituto de Estudos Portugueses.
Integrados nas Unidades Académicas ficam os seguintes Centros:
Centro de Investigação Ocidente-Oriente, do Instituto de Estudos Portugue-ses;
Centro de Investigação da Economia Chinesa, da Faculdade de Ciências So-ciais e Humanas;
Centro de Estudos Japoneses, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas;
Centro de Investigação em Gestäo de Empresas, da Faculdade de Gestão de Empresas;
Centro de Investigação Científica e Tecnológica, da Faculdade de Ciências e Tecnologia;
Centro de Investigação de Ciências da Educação, da Faculdade de Ciências da Educação.
Além destes Centros de Investigação, merecem uma referência especial dois outros, em plena actividade: o Centro de Estudos de Macau e o Centro de Progra-mas de Extensão Educativa.
2. Referem-se em seguida os cursos de licenciatura de cada uma das cinco Faculdades e do Instituto de Estudos Portugueses.
2.1 Começaremos pela Faculdade de Ciências e Tecnologia, onde são leccionados os cursos de Engenharia Civil, Engenharia Eletrotécnica e Electrónica, Engenharia Mecânica e Engenharia Informática.
No ano lectivo corrente frequentam os quatro cursos de Engenharia 274 estu-dantes, com a distribuição indicada no Quadro I. Nesta Faculdade, o número total de alunos tem vindo sempre a crescer.




2.2. A Faculdade de Gestão de Empresas frequentada por 641 estudantes lecciona actualmente sete cursos de licenciatura:
Contabilidade
Informática de Gestão
Finanças
Marketing
Gestão Estratégica
Gestão de Recursos Humanos
Estudos Japoneses e Gestão de Empresas
Também nesta Faculdade o número total de alunos tem aumentado em cada novo ano lectivo (Quadro II).
2.3. A Faculdade de Ciências Sociais e Humanas lecciona nove licenciaturas, sendo cinco da área das Letras e quatro das Ciências Sociais (com o total de 543 alunos):
Estudos Chineses:
Língua e Literatura Chinesas
Chinês Aplicado e Comunicação em Chinês Estudos Ingleses:
Especialização em Comunicação
Curso Geral Tradutores e Intérpretes Economia
Administração Pública (em Inglês e em Chinês)
Acção Social
2.4. A Faculdade de Ciências da Educação, recentemente criada, herdou a estru-tura da Escola Superior de Educação, sendo frequentada por 311 estudantes distribuidos pelas seguintes licenciaturas:
Estudos Chineses
Estudos Ingleses
Ciências Matemáticas
Educação Escolar/ Ensino Primário
(Formação em Serviço)
Educação Escolar/Ensino Pré-Primário
(Formação em Serviço)
Nesta mesma Faculdade, são leccionados alguns cursos de formação de pro-fessores, com atribuição de Diplomas em Educação Escolar, para professores liceais e para educadores da Pré-Primária.
2.5. Segue-se a Faculdade de Direito, a que dedicarei agora uma referência mais alongada.
Em 1988 foi criado o Curso de Direito em Macau, quando a Universidade da Ásia Oriental foi adquirida pelo Governo do Território e a Fundação Macau (cria-da em 1984 e reestruturada em 1988) assumiu a administração da Universidade, com salvaguarda da sua autonomia académica.
O "Curso de Direito", como era designada a "estrutura pedagógica" reconhe-cida pelo Dec. Lei n.º 13/89/M de 27 de Fevereiro, s? veio a ser integrado na Uni-versidade de Macau com a criação da Faculdade de Direito no início do ano lectivo de 1992/93. No final do ano lectivo de 1992/93 surgiram os primeiros li-cenciados em Direito. Assim, o Território vir? a ser dotado de "quadros com a formação jurídica adequada aos desafios do período de transição, nomeadamente os relacionados com a permanência dos valores garantidos pela Declaração Con-junta" (5).
Na "apresentação" do Curso de Direito, publicada no "Anuário" da Universi-dade de Macau, e elaborada pelo Conselho Científico da Faculdade de Direito, afirma-se:
"Foi possível dotar o seu ensino de um nível científico e pedagógico semelhante ao dos Cursos Jurídicos professados nas Universidades de Portugal, graças, funda-mentalmente, ? colaboração de professores da Faculdade de Direito de Coimbra, a que se veio juntar o contributo de Professores do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa e da Universidade Nova de Lisboa."
"Considerada a natureza da ordem jurídica de Macau, cuja permanência no essencial constitui um dos vectores básicos da política de transição, a metodologia do ensino ?, fundamentalmente, de inspiração romano-germânica; mas entendeu-se que deveria ser completada com o conhecimento adequado do direito chinês relativos aos grandes ramos por que aquela ordem jurídica se concretiza. Assim, promoveu-se uma experiência pedagógica que se espera altamente frutuosa, me-diante a introdução, no plano de estudos do Curso, de módulos de direito chinês, ministrados por Professores de Universidades da República Popular da China, com o apoio de adequados meios de comunicação."
"As mesmas preocupações têm levado a completar o "curriculum" propriamente jurídico do Curso com lições de Língua e Cultura Portuguesa e de Língua e Cultura Chinesa, atentas as realidades do corpo discente, em que, para além da portuguesa, as componentes macaense e chinesa assumem posição de significativo relevo. Com o que o Curso pretende servir as políticas de localização e manutenção da especificidade de Macau, em que o Território se encontra vivamente empenhado."
"Por tudo isto, após a criação da Universidade de Macau, em Setembro do ano findo, o Curso apresenta-se perfeitamente afeiçoado às carências e objectivos da política do Território e em condições científicas e pedagógicas de ser plena-mente integrado nas estruturas da Universidade."
"O Curso de Direito ? ministrado em língua portuguesa, podendo, em algu-mas matérias, ser utilizada a língua inglesa e a língua chinesa, momeadamente nas matérias de direito chinês.
O Curso de Direito ? frequentado, designadamente, por estudantes portugue-ses, macaenses e chineses, entre os quais se contam vários estudantes bilingues."
"O Curso confere a Licenciatura em Direito, mediante a aprovação em todas as disciplinas do seu plano curricular, que tem a duração de cinco anos."
No ano lectivo de 1992-93 frequentaram o Curso de Direito 178 estudantes (1.? Ano:78; 2.? Ano:31; 3.? Ano: 38; 4.? Ano: 14; 5.? Ano: 17). Nesta altura, os 17finalistas indicados j? concluiram o seu curso. No ano lectivo corrente inscreveram-se no 1.º ano cerca de 80 candidatos.
2.6. Por último, mas não menos importante, vamos referir-nos ao Instituto de Estudos Portugueses que veio substituir o Departamento de Estudos Portugueses criado em 1990/91. Decorre no presente ano lectivo o 4.? ano dos seguintes cursos de licenciatura: Curso Geral de Estudos Portugueses e duas variantes de sentido profissionalizante -- ensino do Português como Língua Estrangeira (destinado a formar professores nessa especialidade), e Ciências Documentais (orientada para a formação de técnicos superiores na área das bibliotecas e serviços documentais). Em Macau existe uma grande carência de quadros superiores qualificados, nestas áreas. Estes cursos, frequentados no ano corrente por 55 alunos, foram organiza-dos ? semelhança do que se faz em Portugal. No final do 2.? Ano do seu funciona-mento sofreram uma reestruturação no sentido de melhor integração no esquema geral da Universidade, nomeadamente no que respeita ao sistema de créditos.
No final do ano lectivo de 1993/94 terminarão a sua licenciatura os primeiros graduados em Estudos Portugueses.
Cabe agora uma referência ao primeiro Curso de Mestrado desta unidade académica -- O Mestrado em Estudos Luso-Asiáticos, nas variantes de História, Literatura e Linguística. Organizado em Fevereiro de 1990 pelo Professor Teodoro de Matos, teve a colaboração de professores de Portugal, França, Índia, Alemanha e China. Nos seminários efectuados foram abordadas, pela primeira vez, as rela-ções literárias oriente-ocidente (6). Catorze mestrandos terminaram a parte peda-gógica. Quase todos passaram ? fase de elaboração das respectivas teses, sendo seus orientadores professores catedráticos da Universidade Clássica de Lisboa, da Universidade Católica Portuguesa e da Universidade Nova de Lisboa.
Quando terminarem estes trabalhos, no final do ano lectivo em curso, surgi-rão, por um lado, os primeiros licenciados em Estudos Portugueses e, por outro, os primeiros mestres; estar? concluído um ciclo iniciado quatro anos atrás com a criação do Departamento de Estudos Portugueses, sob a direcção do Professor Doutor Teodoro de Matos, catedrático da Faculdade de Ciências Sociais e Huma-nas da Universidade Nova de Lisboa.
No início do ano lectivo de 1992/93 foi criado o actual Instituto de Estudos Portugueses, e nomeado o seu novo director, Professor Luís Filipe Barreto. Esta "unidade académica" efectuou novas propostas de reformulação curricular e, tam-bém, de um novo curso de mestrado em relações civilizacionais do Ocidente com o Oriente, com "um programa virado para a investigação e para a formação de especialistas em relações sino-portuguesas, especialistas em domínios da História de Macau e em história e cultura da expansão portuguesa e europeia no mundo". As propostas apresentadas foram de imediato aprovadas pelo Senado Universitário: dois novos cursos de licenciatura (Língua e Cultura Portuguesas e Língua e Literatura Portuguesas que tiveram seu início no ano lectivo corrente) e o mestrado "Relações Civilizacionais: Ocidente-Oriente".
Integrado no Instituto, est? o Centro de Investigações Ocidente-Oriente, para a formação de orientalistas em língua portuguesa e de conhecedores da língua, da história e da cultura Chinesa, Japonesa e Indiana. Espera-se que o referido centro venha a ter a capacidade para "fazer nascer ou progredir ocidentalistas que sejamconhecedores da história, da cultura e da língua portuguesas na Europa, na Áfri-ca, na América e na Ásia. Um centro de investigação vocacionado para o trabalho de equipas luso-chinesas capazes de conhecerem alguns dos tempos e dos proble-mas que unem e diferenciam ocidentais e orientais", como acentuou, na sua toma-
da de posse, o Professor Luís Filipe Barreto, doutorado em Cultura Portuguesa pela Universidade de Lisboa e autor de vários livros sobre a História da Expansão e da Cultura Portuguesas.
3. O total dos docentes, no ano lectivo de 1992/93 foi de 252 para uma popu-lação académica de 2.218 alunos. O respectivo "ratio" ? de 1:10, valor considerado óptimo. No Quadro III indicam-se os países de origem dos docentes da Universi-dade de Macau. Outros países tiveram menor representação de docentes: Filipi-nas(3) Austrália (2), Índia (2), Indonésia (2) e Brunei (1).
No Quadro IV refere-se a sua distribuição pelas diferentes unidades académicas, no mesmo ano lectivo.
4. Algo se tem feito no sector dos estudos de pós-graduação na Universidade de Macau. Referirei aqui apenas as acções mais importantes j? efectuadas ou que es-tão a decorrer:
No Instituto de Estudos Portugueses, concluiram a parte pedagógica do Curso de Mestrado em Estudos Luso-Asiáticos doze candidatos, que passaram ? fase de elaboração das respectivas teses, como j? se referiu antes.
Foi recentemente aprovado pelo Senado Universitário o novo mestrado "Re-lações Civilizacionais: Ocidente-Oriente", em fase de organização.
Na Faculdade de Gestão de Empresas prosseguiu o 2.? Ano do Curso de Mestrado em Gestão de Empresas (MBA) iniciado em Março de 1991 e que terminou em Maio do ano corrente. Foi frequentado por 20 alunos.
Entretanto, teve j? início o segundo Curso do mesmo Mestrado, que est? a ser frequentado por 32 alunos.
Na Faculdade de Ciências e Tecnologia tiveram início no ano lectivo corrente os mestrados em Engenharia Electrotécnica e Electrónica, em Engenharia Informática e em Engenharia Civil.
Na Faculdade de Ciências da Educação decorreu um Curso de Ciências da Edu-cação (Certificado), com a duração de um ano, frequentado por 20 candidatos.
Na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas teve início o mestrado em Admi-nistração Pública (Especialização em Relações Internacionais), em colaboração com o Instituto Nacional de Administração (I.N.A.).
No que respeita aos programas de doutoramento, temos que reconhecer que têm sido poucos os candidatos apesar de U.M. ter oferecido várias oportunidades, nas Faculdades de Ciências Sociais e Humanas, na Faculdade de Ciências da Edu-cação e na Faculdade de Ciências e Tecnologia. Apenas cinco candidatos se inscreveram, nestas três Faculdades, at? final do ano lectivo de 1992/93. E j? se registaram algumas desistências...
Alguns docentes, porém, estão a prosseguir os seus estudos de doutoramento em Universidades estrangeiras, com o apoio da U.M., em regime de "part-time".
Em Setembro de 1993 tiveram lugar as primeiras provas de doutoramento académico na Universidade de Macau. A candidata Sandra Adams, com o grau de mestre, defendeu a tese intitulada "Nineteenth Century Representations of Footbinding to the English Reading Public", na área de "Estudos Literários", da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.
5. A Universidade de Macau tem procurado estimular a investigação científica através da atribuição de verbas a projectos de investigação e ? participação de docentes em reuniões científicas, não s? em Macau, Hong Kong e Sul da China, mas também em outros países.
S? uma Universidade dedicada ? investigação permitir? aos seus membros exer-cer a sua actividade plena, sendo a actividade cintífica o prolongamento da sua ac-ção pedagógica, no ambiente necessário a uma interacção constante e recíproca.
Á investigação tem sido pedido que se debruce sobre os aspectos de particu-lar interesse para o Território de Macau, sem prejuízo do seu interesse e qualidade e sem afectar o trabalho criativo.
Agradecimentos
Agradeço ao Professor Rui Martins, da Faculdade de Ciências e Tecnologia, a elaboração dos Quadros I e II.
Agradeço também ao Professor D. Y. Yuan e ? Senhora Wei Ling as traduções do Resumo para inglês e chinês, respectivamente.
Referências
1 "Ávila de Azevedo, R. -- A Influência da Cultura Potuguesa em Macau. Biblioteca Breve (95), Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, Ministério da Edu-cação. CAP. 4 -- O Ensino das Ordens Religiosas -- A Acção dos Jesuitas, 1984, p. 13-22.
2 Videira Pires, B. -- Os Extremos Conciliam-se (Transculturação em Macau).CAP. V -- A "M~æ das Missões" no Extremo Oriente. Instituto Cultural de Macau, 1988, p.41-49.
3 Gomes dos Santos, D.M. -- Macau: Primeira Universidade Ocidental do Extremo-Oriente. Anais da Academia Portuguesa de História, 2a Série, vol.17,1968, p.203-237.
4 UNIM -- Universidade Internacional de Macau. Exposição de Motivos e Programas, Macau, 1980.
5 Rangel, J. -- Formação de Quadros Superiores no Período de Transição. Uma Responsabilidade da Fundação Macau. In: "Crescimento Populacional e Urbano de Macau", U.A.O., (Ed. D.Y. Yuan et al.), 1990, p.27-38.
6 Laborinho, A.P. -- Sociedade, Cultura e Fenómenos Literários -- Perspecti-vas dos Estudos Comparados em Macau. Administração, n.? 16, vol. V, 1992-2.o, p. 451-463.