Ecologia



A reprodução e o cultivo do lótus

Kwong Hang Chuen*

  São dois os métodos de reprodução do lótus: a reprodução assexuada, que utiliza os embriões do rizoma para dar origem ao lótus, sendo usualmente considerada como a reprodução nutritiva ou clone; e a reprodução sexuada, através da sementeira de grãos de lótus, formados pela combinação de pólenes de estame com as células do ovo do pistilo.
  

Reprodução assexuada


  
  Escolha das sementes: são escolhidos como sementes os rizomas que possuem as características da espécie original.
  Época de transplante: em Macau, ocorre duas vezes por ano, no período de Março a Outubro, sendo a primeira colheita em Maio e a segunda em Junho.
  Metodologia de transplante: os rizomas são transplantados pelo método de inserção oblíqua em lagoas, vasos, bacias ou tijelas; são inseridas as cabeças dos rizomas do lótus três a cinco polegadas em lamas, com o embrião para cima a ponta final dos rizomas fica acima do nível de água.
  

Reprodução sexuada


  
  É importante escolher a data da sementeira, dominar as técnicas e métodos de impregnação e germinação, tratar dos rebentos e transplantá-los.
  Sementeira:: a temperatura ambiente deve ser constante e superior a 20ºC e deve ter lugar durante o período de Março a Agosto.
  Escolha de sementes: são escolhidas, do ano anterior, as sementes que têm características próprias da espécie, para darem lugar às sementes do ano seguinte.
  Esterilização: impregnar as sementes em álcool a 75 por cento, ou numa solução de permanganato de potássio a 0,1 por cento, durante quinze a trinta minutos.
  Incisão: cortar uma boquinha no umbigo das sementes, mas manter os embriões inteiros.
  Impregnação: as sementes são impregnadas em água quente (40º a 50º C) e mantém-se a temperatura da água, para a germinação em estufa, entre 25º a 30º C. Muda-se todos os dias a água para evitar que o tanino afecte a germinação. Passados três a cinco dias, rebentam os embriões, com dois a três centímetros. Estes cuidados são dispensáveis no Outono.
  Germinação: São inseridas as sementes com embriões, em lamas fertéis, com a espessura de dois a três centímetros, em vasos, bacias e tijelas. Deve ser colocada uma semente em cada recipiente. Quando a temperatura for baixa, os recipientes devem ser cobertos com plástico. A coluna de água sobre as lamas deve ter cerca de quinze centímetros, e a temperatura da água e do ar devem ser mantidas, respectivamente, a 35ºC e entre 25º a 30º C.
  Transplantação: podem-se transplantar os rebentos do lótus, desde que possuam quatro folhas para vasos, bacias e tijelas, lagos ou lagoas, tendo o cuidado de não danificar os seus pedúnculos. Devem ser colocados cerca de 600 a 700 rebentos, por cada Mu1. A altura da coluna da água, após a transplantação, deve ser de cinco centímetros.
  

Cultivo do lótus


  
  Escolha das espécies: devem ser escolhidas as espécies de acordo com as necessidades e condições ambientais. Os lótus de tamanho pequeno e com aspecto bonito, devem cultivar-se em bacias e tijelas, enquanto os de tamanho médio e com flores ricas, com um período longo de florescência e pétalas singulares ou duplas, devem ser cultivados em vasos. Os lótus de tamanho grande, com um período longo de florescência, flores ricas, bonitas e coloridas e pétalas singulares e duplas são os mais apropriados para serem cultivados em lagoas.
  Cultivo em tijelas, bacias e vasos: o lugar onde se colocam os recipientes deve ser grande, plano, exposto ao sol e protegido do vento. Os vasos utilizados devem ter boca grande e fundo raso, com um diâmetro de setenta centímetros e altura de cinquenta centímetros. Deve-se utilizar no cultivo solo fértil, nomeadamente lamas de lagoas. Os adubos orgânicos de bolo de soja usam-se geralmente como adubos básicos. Põem-se nos recipientes lamas e adubos bem misturados com a água necessária. Na Primavera do ano seguinte, mexem-se as lamas e os adubos para o cultivo do lótus, colocando-se um rizoma/semente em cada tijela e bacia e dois para cada vaso.
  Cultivo em Lagoas: deve ser escolhido um lugar plano, exposto ao sol e protegido contra o vento.
  É fundamental que a coluna da água seja inferior a 1,5 metros, o nível aquático estável e as correntes lentas. O nível da água deve ser de cinco a dez centímetros, no período do transplante, trinta a sessenta centímetros, no período de folhagem e cinco centímetros, no período do crescimento da raiz.
  Os adubos devem ser adequadamente ministrados, do tipo orgânico (constituídos por bolos de soja, estrume, vegetais, solo e resíduos bem derretidos). Se no período da frutificação as folhas se apresentarem magras e fracas, deve ser aplicado um adubo suplementar à base de azoto.
  O solo subaquático deve ser fértil e a espessura de lodo deve ser superior a vinte centímetros.
  As espécies do lótus a cultivar devem ser escolhidas de acordo com o objectivo do cultivo e as condições ambientais. Não devem ser efectuadas plantações de misturas de várias espécies do lótus numa mesma lagoa. Se for necessário efectuar plantações mistas, devem utilizar-se vasos debaixo da água ou construir pequenos tanques de cimento para as diferentes espécies. Quando se introduzem espécies do exterior, estas devem ser submetidas a quarentena, a fim de prevenir a introdução de contaminantes.
  
  *Membro da Associação Cultural Lótus de Macau.
  1 Um Mu equivale a 0,67 ha (hectares).